Londres, 6 de setembro
de 2012 - Final dos 50m costas S4
Quando alguém fala
para um atleta que ele só perde para ele mesmo, não entendemos. Até que esse dia
chega. Confesso que para a ficha cair demorou longos minutos.
Assim que bati a mão no placar, não vi em que colocação estava nem
tão pouco qual tinha sido o meu tempo. A única coisa que pude ver foi o tempo da
primeira colocada: 51s51, nada mais familiar do que esses quatro números que
conheço tão bem que poderia escreve-los as cegas.
Há exatos oito anos
tinha cravado nos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004 os mesmos quatro dígitos
acima (minha melhor marca pessoal registrada). Ver esse tempo como o primeiro
colocado em Lodres foi como engolir pregos. Para quem assistiu ao vivo e estava
atento às imagens, pode perceber que minha expressão era a de quem não
acreditava no que estava vendo. "Como pode alguém perder para si mesmo?" Foi o
que aconteceu em Londres!
Essa sensação perdurou
e aumentou quando cheguei ao pódio e recebi minha "prata dourada". No pódio vi
que estava claramente em duas colocações. O segundo, de fato, e o primeiro, já
que o melhor tempo na prova foi exatamente o meu. Não era uma holandesa, uma
brasileira e uma chinesa no pódio, mas sim duas brasileira e uma chinesa. Uma
das brasileiras assistindo em seu imaginário como seria estar ouvindo o Hino
Brasileiro.
“Em momento algum desdenhei da prata. Ela foi o que
mereci no momento e foi o maior presente dos céus nos últimos
anos.”
O trabalho foi duro, muitos me ajudaram no dia a dia e
essa prata veio para coroar um trabalho em equipe. Agradeço imensamente cada
profissional que esteve envolvido em minha preparação RUMO A LONDRES 2012.
E devo alertar: Rio 2016 já está em andamento!
Temos dois pontos ao nosso favor:
os Jogos serão no Brasil e estaremos treinando lado a
lado da minha maior adversária, EU MESMA!
Sabe o que aprendi na
minha terceira participação em Jogos Paralímpicos? Que você pode ter os
melhores treinos, equipamentos e profissionais, mas o mais importante disso tudo
é você se conhecer o suficiente para saber que é o seu maior
adversário.
Muitos vão dizer que
isso é um desabafo, dor de cotovelo por não ter ganho o ouro, mas, ao meu ver, é
uma simples narração do meu ponto de vista de como tudo aconteceu
no dia 6 de setembro de 2012.
Espero que gostem!
Abraço Edênia Garcia